"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória
como do unigênito do Pai."
João 1:14
O texto acima afirma que Jesus se fez carne ao vir à Terra. Como
foi que isto aconteceu? Como foi que um Deus veio a nascer
no útero de Maria? Este é processo é denominado de mistério
da piedade pelo apóstolo Paulo (I Tim. 3:16), e a revelação
nos declara que será objeto de estudo pelas eras eternas.
Todavia, quando pesquisamos sobre este tema, poderemos obter
mais e mais detalhes que nos pareciam antes ocultos. Uma vez
que este será o tema de estudo pelas eras eternas, não
possuímos a pretensão de esgotá-lo neste material, mas
nos toca apresentar o que Deus nos permitiu perscrutar dele
até o momento.
A Bíblia nos declara qual era o corpo que Jesus tinha quando
veio à Terra:
“Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e
oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste;”
Hebreus 10:5
Pelo
texto de Hebreus que lemos acima percebemos que Cristo diz
que o Pai preparou um corpo para que Ele viesse ao mundo.
Jesus veio ao mundo em um corpo que foi preparado pelo Pai.
Era este um corpo humano? A revelação nos esclarece isto:
“A Plenitude da Humanidade de Cristo
Não podemos compreender como Cristo Se tornou um pequeno
e indefeso bebê. Ele poderia ter vindo à Terra com tal
beleza que teria sido diferente dos filhos dos homens. Sua
face poderia ter sido resplandecente de luz, e Sua forma
poderia ter sido alta e bela. Poderia ter vindo de tal
maneira que encantasse os que olhassem para Ele; esta não
era, porém, a maneira planejada por Deus para que Ele
viesse entre os filhos dos homens.
Ele devia ser semelhante aos que pertenciam à família
humana e à raça judaica. Suas feições deviam ser como as
dos outros seres humanos, e não devia ter tal beleza
pessoal que o povo O assinalasse como diferente dos outros.
Devia vir como alguém da família humana e colocar-Se como
homem perante o Céu e a Terra. Veio para tomar o lugar do
homem, empenhar-Se em seu favor, pagar o débito que os
pecadores deviam. Levaria uma vida pura sobre a Terra e
mostraria que Satanás proferira uma falsidade quando ele
alegou que a família humana lhe pertencia para sempre, e
que Deus não poderia arrebatar os homens de suas mãos.
Os homens contemplaram pela primeira vez a Cristo como um
bebê, como uma criancinha....” Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 127
Pela leitura do texto acima, percebemos que Cristo veio à Terra
em um corpo humano, tal qual o de qualquer um de nós.
Assim, no que tange ao corpo, Cristo era essencialmente
homem. Resta-nos então saber o seguinte: uma vez que Jesus
era Deus assim como o Pai é Deus, antes de vir à Terra,
que “parte” de Jesus veio para a Terra, na encarnação?
Tanto a Bíblia quanto a revelação trazem-nos revelações
precisas quanto a isto. Primeiramente, apresentamos um texto
bíblico:
“pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus;
antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana,
a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à
morte e morte de cruz.”
Filipenses 2:6-8
O
texto acima atesta que Cristo esvaziou-se de si mesmo quando
veio à Terra para assumir a forma humana. Isto significa
que Ele deixou de ser o que era – um Deus passou a ser
homem. A revelação confirma este entendimento:
“Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se à
humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos
estará ligado por toda a eternidade. "Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito."
João 3:16. Não O deu somente para levar os nossos pecados
e morrer em sacrifício por nós; deu-O à raça caída.
Para nos assegurar Seu imutável conselho de paz, Deus deu
Seu Filho unigênito a fim de que Se tornasse membro da família
humana, retendo para sempre Sua natureza humana. Esse é o
penhor de que Deus cumprirá Sua palavra. "Um Menino
nos nasceu, um Filho se nos deu; e o principado está sobre
os Seus ombros." Isa. 9:6. Deus adotou a natureza
humana na pessoa de Seu Filho, levando a mesma ao mais alto
Céu.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 25
“Sua natureza humana teria de passar pela mesma prova e
provação que Adão e Eva. Sua natureza humana foi
criada; ela nem sequer possuía os poderes angélicos. Era
humana, idêntica à nossa.” Mensagens Escolhidas
Vol. 3, pág. 129
Podemos
entender figuradamente a encarnação de Cristo considerando
a divindade de Cristo como se esta fosse a água contida em
um copo. O fato de Ele esvaziar-se de Si mesmo para
tornar-se homem, equivaleria ao copo ser esvaziado da água
que contém. Ao ser o copo esvaziado, este fica sem água. Não
é mais um copo de água, e sim um copo vazio. Assim,
Cristo, que possuía a natureza divina, quando se esvaziou,
deixou de tê-la. Utilizando ainda o comparativo do copo de
água, temos que, se o copo foi esvaziado, a água que nele
estava passou a estar em outro lugar. Da mesma forma, a
divindade que estava em Cristo passou a não mais estar nEle
– estaria em outro lugar.
Todavia,
para onde poderia ter ido a divindade de Cristo quando este
veio à Terra? Ela não poderia ter ficado em um outro lugar
qualquer do Universo, subsistindo sozinha, enquanto Cristo
estava como homem na Terra pois admitir isto seria admitir
que Cristo teria sido em realidade dividido em dois – Deus
e homem – o que é absurdo. Uma simples reflexão sobre o
tema nos mostra que a divindade de Cristo, “a água do
copo” de nosso exemplo, só poderia sair dEle para o lugar
de onde ela uma vez se originou – do Pai. Rememoramos aqui
que a divindade de Cristo saiu do Pai porque o próprio
Cristo “saiu” do Pai, ou seja, foi gerado pelo Pai,
conforme vimos na seção anterior, e de acordo com o que
Ele diz de Si mesmo na Bíblia:
“porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste,
e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí
de ti, e creram que tu me enviaste.” João 17:8
Assim, temos que a divindade de Cristo ficou no Pai. Isto sim era
possível, porque o Pai uma vez originou a Cristo e Sua
divindade. Após compreendermos isto, resta-nos ainda
responder a uma pergunta:
Se a divindade, que era a própria natureza do Filho de Deus,
ficou em Seu Pai, que parte de Cristo veio ao corpo
preparado para Ele pelo Pai dentro do útero de Maria? A
resposta mais elucidativa que encontramos é-nos dada por um
texto da revelação:
“Cristo fez um sacrifício infinito. Deu Sua
própria vida por nós. Tomou sobre Sua alma divina o
resultado da transgressão da lei de Deus. Pondo de lado
Sua coroa real, dignou-Se a descer, passo a passo, até o nível
da humanidade decaída.” Mensagens Escolhidas, Vol. 3,
pág. 128
O texto acima afirma que Cristo tomou sobre Sua “alma divina”
o resultado da transgressão da lei de Deus, ou seja, a
natureza humana em seu estado decaído. Existem vários
textos que afirmam que em Cristo combinaram-se a humanidade
e a divindade. À luz do texto que lemos acima, podemos
compreender que o que é mencionada como “divindade”
interior de Cristo quando este estava como homem na Terra
trata-se da “alma divina” mencionada no texto acima. O
que entendemos por “alma divina”? Entendemos que este é
o termo que descreve que a essência de Cristo, ou seja,
aquilo que prova que o Filho de Deus, criador e soberano do
Universo, era o mesmo bebê que se encontrava no útero de
Maria e depois desenvolveu-se como homem até tornar-se um
ser humano adulto.
Alguns crêem que, quando Cristo veio à Terra como um ser
humano, Sua divindade estava não no Pai como vimos a pouco,
mas dentro dEle mesmo. Entendem que Cristo, enquanto homem,
retinha Sua divindade mas não usufruía dela para benefício
próprio. Todavia, a revelação e os textos bíblicos nos
mostram que isto não é verdade. Vejamos primeiramente um
texto bíblico bastante esclarecedor:
“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus;
porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele
mesmo a ninguém tenta.” Tiago 1:13
Percebemos, pela leitura do texto acima, que um Deus não pode
sequer ser tentado pelo mal. Assim, houvesse Jesus estado
com Sua divindade intrínseca porém não manifesta na
Terra, e não haveria sequer a possibilidade de Ele ser
tentado por Satanás. Ele simplesmente não sentiria
qualquer força nas tentações de Satanás, pois não
haveria possibilidade de Sua divindade ser tentada a pecar.
Somente subsistindo como um homem e sem reter Sua divindade,
poderia Jesus ser tentado. Um outro ponto bastante
esclarecedor quanto a este ponto é-nos apresentado pela
revelação:
“Se Cristo possuísse um poder especial que o homem não
tem o privilégio de possuir, Satanás ter-se-ia aproveitado
desse fato. A obra de Cristo era tirar das
reivindicações de Satanás o seu domínio sobre o homem, e
só podia fazê-lo da maneira como Ele veio - como homem,
tentado como homem e prestando a obediência de um homem.”
Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 139
Pelo texto acima, percebemos que, se Jesus houvesse estado na
Terra retendo Sua divindade e apenas não a usando, Satanás
teria se aproveitado deste fato e acusado que Jesus não
poderia ser o Salvador e substituto da raça humana. Isto
porque poderia acusá-lo de ter usado Sua própria divindade
para resistir as tentações, algo que o ser humano não
poderia fazer. Desta forma, lançaria dúvidas por todo o
Universo de seres criados, uma vez que nenhuma criatura
poderia divisar com clareza até que ponto poderia o Filho
de Deus ter utilizado Sua divindade intrínseca no conflito
com as forças do mal. Somente subsistindo no mundo
perfeitamente como um homem, sem reter a divindade, poderia
Ele ser considerado o substituto perfeito do homem, o
segundo Adão. Outra razão pela qual Jesus não poderia ter
vindo à Terra com Sua divindade retida em Si mesmo era
porque vindo desta forma Ele não refutaria uma acusação
que fora feita por Satanás e subsistira por quatro mil
anos, desde a queda de Adão, conforme nos atesta a revelação:
“Satanás, o anjo caído, declarara que
nenhum homem podia guardar a lei de Deus depois da desobediência
de Adão. Ele alegava que toda a raça humana estava sob
o seu domínio.” Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág.
136
“Sempre devemos ser gratos porque Jesus provou para nós,
por fatos concretos, que o homem pode guardar os mandamentos
de Deus, contradizendo a falsidade de Satanás de que o
homem não pode guardá-los. O Grande Mestre veio ao
nosso mundo para estar à frente da humanidade, para assim
elevar e santificar a humanidade por Sua santa obediência a
todos os requisitos de Deus, mostrando que é possível
obedecer a todos os mandamentos de Deus. Ele demonstrou
que é possível uma obediência que dure toda a vida.
Portanto Ele dá ao mundo homens escolhidos e
representativos, como o Pai deu o Filho, para exemplificarem
em sua vida a vida de Jesus Cristo. ... Quando atribuímos a
Sua natureza humana um poder que não é possível que o
homem tenha em seus conflitos com Satanás, destruímos a
inteireza de Sua humanidade.” Mensagens Escolhidas,
Vol. 3, pág. 139
Pela leitura dos textos acima, confirmamos que, para refutar a
acusação de Satanás de que o homem caído não poderia
guardar a lei de Deus, Jesus não só não poderia Ter vindo
à Terra com Sua divindade como também não poderia ter
vindo à Terra com a natureza do homem não caído, ou seja,
com a natureza de Adão antes de sua queda. Isto porque a
acusação de Satanás era de que o homem caído não
poderia guardar os mandamentos de Deus:
“Satanás, o anjo caído, declarara que
nenhum homem podia guardar a lei de Deus depois da desobediência
de Adão.” Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 136
Assim, para refutar esta acusação de Satanás, Jesus somente
poderia ter vindo à Terra com a natureza humana igual à do
Adão caído. Relativo ao fato de ter Jesus vindo à Terra
com a natureza do Adão caído, vamos procurar extrair luz bíblica
que corrobore esta afirmação.
Em que carne veio Jesus à Terra? Era a carne pecaminosa que nós
conhecemos, ou existia outra? Deixemos que as Escrituras nos
respondam. Em Efésios 6:2, lemos:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar
firmes contra as ciladas do diabo, porque a nossa luta não
é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes." Efésios 6:11, 12
Uma análise cuidadosa deste texto nos dará a resposta que
precisamos. Nele, o apóstolo Paulo afirma aos crentes Efésios
que a luta deles, os cristãos, não era contra a carne e o
sangue, e sim contra os principados e potestades,
referindo-se a Satanás e seus anjos. Em outras palavras,
Paulo está afirmando que a luta dos cristãos não era
contra os outros seres humanos enganados e iludidos pelo
diabo que tinham possibilidade de se arrepender e serem
salvos, e sim contra o próprio diabo e seus anjos, uma vez
que estes não possuem possibilidade de salvação e desejam
levar tantos quantos puderem ao inferno com eles. Assim, o
termo "carne", é utilizado para denominar homens
com natureza pecaminosa. O texto de Romanos, capítulo 7
expressa este conceito de forma mais clara:
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou
carnal, vendido à escravidão do pecado." Romanos
7:14
A Palavra de Deus, pelo que lemos no texto acima, atesta que o
homem carnal é vendido à escravidão do pecado. Uma vez
que Jesus à Terra em carne, Ele veio com a natureza carnal,
aquela mesma que segundo lemos acima é vendida à escravidão
do pecado, ou seja, uma natureza pecaminosa. Assim,
Jesus veio à Terra em natureza pecaminosa.
Podemos compreender qual é a natureza que Jesus adotou quando
veio em carne à Terra de outra forma mais simples. Leiamos
juntos o seguinte texto de Hebreus:
"Visto, pois, que os filhos têm participação comum
de carne e sangue, destes também ele, igualmente,
participou, para que, por sua morte, destruísse
aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo,
livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida." Hebreus 2: 14, 15
O texto acima é bem claro. Afirma que, assim como os homens
participam de carne e sangue, Jesus igualmente participou.
Ora, que natureza tem os que participam da carne e sangue? Já
vimos anteriormente que "carne e sangue" se
referem à natureza pecaminosa do homem, segundo o texto de
Efésios capítulo 6:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar
firmes contra as ciladas do diabo, porque a nossa luta não
é contra o sangue e a carne [seres humanos pecadores],
e sim contra os principados e potestades..." Efésios
6:11, 12
O texto de I Coríntios 15:50 é ainda mais esclarecedor, pois
afirma que a "carne e o sangue", aqueles dos quais
Jesus participou, não podem herdar o reino de Deus:
"Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não
podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção
herdar a incorrupção." I Coríntios 15:50
Jesus participou da carne e sangue igualmente como todos os seres
humanos participam. A natureza humana representada pelos
termos "carne e sangue", que foi a natureza humana
que Cristo assumiu, é aquela que não pode herdar o reino
de Deus. Qual é a natureza humana que não pode herdar o
reino de Deus, a natureza de Adão antes de sua queda ou após
a sua queda? O livro de Gênesis nos esclarecerá:
"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre
os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis
que rastejam pela terra.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de
Deus o criou; homem e mulher os criou." Gênesis 1: 26, 27
"Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra
e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem
passou a ser alma vivente.
E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção
do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado.
Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no
jardim do Éden para o cultivar e o guardar"
Gênesis 2:7, 8, 15
Vimos pela leitura dos textos acima que Deus criou Adão e Eva,
colocou-os no jardim do Éden e o deu a eles para que fosse
sua possessão, a fim de que o administrassem. Deus os fez
sem pecado. Assim, o Éden era o reino que Deus lhes havia
dado. Por estarem sem pecado, podiam ver a Deus e ouvir
diretamente a sua voz, sendo que Ele lhes vinha visitar:
"Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no
jardim pela viração do dia..." Gênesis
3:8
Ao caírem em pecado, perderam sua natureza incontaminada, que não
conhecia pecado, e passaram a ter uma natureza escrava do
pecado, vendida às tentações de Satanás, incapaz de
resistir por sua própria força aos ardis do inimigo. Esta
natureza é chamada de natureza decaída. Quando perderam
sua primeira natureza e passaram a possuir a natureza decaída,
Adão e Eva perderam também o reino que Deus lhes havia
dado:
"Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se
tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal;
assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da
vida, e coma, e viva eternamente.
O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a
fim de lavrar a terra de que fora tomado.
E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do
jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia,
para guardar o caminho da árvore da vida." Gênesis 3:22-24
Adão e Eva não podiam mais herdar o reino de Deus, o Éden que
Ele havia criado, pois uma vez que comessem do fruto da árvore
da vida estando em seu pecado decaído, escravos do pecado,
viveriam eternamente e perpetuariam o pecado, trazendo miséria
eterna para o Universo. Adão e Eva, em sua natureza humana
decaída, não podiam herdar o reino de Deus. Vimos a pouco
que a Bíblia afirma que a "carne e o sangue" não
podem herdar o reino de Deus:
"Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não
podem herdar o reino de Deus," I Coríntios
15:50
Assim temos que Adão e Eva, após caírem em pecado, ou seja, ao
estarem em sua natureza humana decaída, colocaram-se
exatamente na condição de "carne e sangue"
apresentada pelo texto acima, pois não podiam mais herdar o
reino de Deus, o Éden, que um dia fora seu, assim, como o
texto acima declara que a "carne e sangue" não
podem herdar o reino de Deus. Vimos a pouco a declaração bíblica
de que Jesus participou igualmente da "carne e
sangue" quando esteve na Terra:
"Visto, pois, que os filhos têm participação comum
de carne e sangue, destes também ele, igualmente,
participou, para que, por sua morte, destruísse
aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo,"
Hebreus 2: 14, 15
Concluímos pois que, se "carne e sangue" exemplifica a
natureza de Adão e Eva após a sua queda, e Jesus
participou igualmente da "carne e sangue", Jesus
veio a Terra com a natureza de Adão após a sua queda. É
por isso que a Bíblia associa o nome de Adão com a entrada
do pecado no mundo, conforme lemos no livro de Romanos:
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o
pecado não é levado em conta quando não há lei.
Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés,
mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da
transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele
que havia de vir.
Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa;
porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos,
muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de
um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.” Romanos 5:12-15
O
texto acima no apresenta Adão como sendo o “introdutor”
do pecado no mundo. Assim, considera no comparativo que faz,
o Adão transgressor, “caído”, com a natureza que tinha
após a sua queda, com Cristo. Assim, o texto acima nos
coloca que Cristo veio tomar o lugar do Adão caído, este
que era “carne pecaminosa”. O mesmo comparativo, de
Cristo em carne pecaminosa com Adão após a sua queda é
encontrado no livro de I Coríntios:
“Visto que a morte veio por um homem, também por um homem
veio a ressurreição dos mortos.
Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também
todos serão vivificados em Cristo.” I Coríntios 15: 21, 22
Um outro verso do livro de Hebreus capítulo 2 esclarece o ponto
em questão de tal forma que põe termo ao assunto.
Referindo-se ainda a Cristo, a palavra de Deus declara:
"Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre
a descendência de Abraão.
Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se
tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas
coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos
pecados do povo."
Hebreus 2: 14-17
Cristo, em TODAS as coisas, se tornou semelhante aos seus irmãos,
os seres humanos caídos. Não foi apenas em alguns aspectos
que Jesus se assemelhou ao homem. Foi em todos os aspectos.
Note que o texto foi escrito pelo apóstolo Paulo, que era
um homem caído. Um homem caído, Paulo, possuidor de
natureza humana pecaminosa, coloca a afirmação no tempo
presente de que Cristo se tornou semelhante a nós em todas
as coisas. Não afirma que Jesus foi semelhante ao homem Adão
antes de sua queda, num longínquo passado, mas sim que Ele
foi semelhante aos seres humanos contemporâneos de Paulo,
que eram todos seres humanos caídos, possuidores de
natureza humana pecaminosa. Concluímos pois que, uma vez
que a Palavra de Deus expressa no texto acima afirma que
Cristo se tornou semelhante em todas as coisas aos seres
humanos de natureza pecaminosa, Cristo veio à Terra em
carne pecaminosa. Podemos ainda efetuar a confirmação de
que Cristo veio à Terra em carne pecaminosa através de uma
outra comparação bíblica. A Bíblia nos define como pode
ser alguém tentado:
“Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça,
quando esta o atrai e seduz.” Tiago 1:14
O texto bíblico nos afirma que cada um é tentado pela sua própria
cobiça. Segundo este texto, o ser humano é tentado pela
sua própria cobiça. A palavra “cobiça” vista no texto
pode ser entendida no sentido de “vontade da carne”.
Satanás sugestiona o homem a condescender com esta vontade,
esta “cobiça”, quando tenta o ser humano. Caso ele seja
bem sucedido, diz-se que o ser humano foi “seduzido por
sua cobiça”, conforme nos expressa a Bíblia:
“Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz
o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”
Tiago 1:15
A “cobiça”, ou seja, a vontade da carne, uma vez atendida
pelo homem, gera as obras da carne, que são pecado:
“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição,
impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades,
porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,
invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a
estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já,
outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os
que tais coisas praticam.” Gálatas 5:19-21
Assim, temos a verdade bíblica de que o homem só pode ser
tentado por sua vontade carnal, descrita por Tiago como
sendo “cobiça”. O homem possui esta vontade da carne
porque ele mesmo é carne:
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia,
sou carnal, vendido à escravidão do pecado.”
Romanos 7:14
O homem só é carne e tem as vontades da carne porque foi gerado
por pais que são “carne” e possuem as vontades da
carne. Assim, temos que o homem nasce e herda as “vontades
da carne” de seus pais. Estas “vontades da carne” são
também chamadas de tendências hereditárias para o pecado.
Note que estas tendências para o pecado não são pecado.
Deus não culpa o homem por ter herdado estas tendências
para o pecado, porque segundo está escrito em sua palavra
os filhos não devem pagar pela iniqüidade dos pais:
“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a
iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do
filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a
perversidade do perverso cairá sobre este.” Ezequiel
18:20
Uma vez que o homem nasce com as “vontades da carne”, ou
seja, com a “cobiça”, conforme nos afirma a Bíblia no
texto de Tiago que lemos a pouco, porque possui tendências
hereditárias para o pecado – as vontades da carne – que
herdou de seus pais terrenos, temos que a palavra “cobiça”
vista no texto de Tiago representa as próprias tendências
herdadas para o pecado. Assim, o dizer bíblico que o homem
é tentado por sua cobiça significa o mesmo que dizer que o
homem é tentado por suas tendências herdadas para o
pecado. Concluímos portanto que, segundo o texto de Tiago,
o homem pode ser tentado somente se tiver ao menos tendências
herdadas para o pecado, denominadas de cobiça:
“Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça,
quando esta o atrai e seduz.” Tiago 1:14
A Bíblia nos declara que Jesus foi tentado assim como nós somos
tentados, e por isso pode nos socorrer quando somos
assediados pelo inimigo:
“Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado,
é poderoso para socorrer os que são tentados.”
Hebreus 2:18
Uma vez que a Bíblia nos declara que o homem é tentado pela sua
própria cobiça, ou seja, suas tendências herdadas para o
pecado, e Jesus foi tentado como os outros homens, temos que
Jesus foi tentado pela “sua própria cobiça”, ou seja,
pelas tendências para o pecado herdadas de Seus pais. Uma
vez que Seu Pai, que era Deus, não possuía pecado, Jesus
herdou as tendências para o pecado de Maria, sua mãe
humana. Neste ponto do estudo, precisamos apenas deixar
claro que, herdar as tendências para o pecado que tinham os
pais, não significa herdar a culpa pelos pecados deles, ou
seja, tornar-se pecador pelos pecados que os pais cometeram.
Segundo a Bíblia, cada um só se torna pecador pelos
pecados que ele próprio cometer:
“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a
iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do
filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a
perversidade do perverso cairá sobre este.” Ezequiel
18:20
A revelação atesta claramente que Jesus não herdou a
“culpa” por pecados. Isto porque só é culpado quem
transgride a lei de Deus e peca. Como Jesus não pecou, era
inocente de toda a culpa:
“Cristo não somente era o Sacrifício, mas também o
Sacerdote que ofereceu o sacrifício. "O pão que Eu
darei pela vida do mundo - disse Ele - é a Minha
carne." João 6:51. Ele era inocente de toda culpa.”
Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 141
Discernimos então que herdar o “mal”, ou seja, herdar as
vontades da carne de nossos pais, não significa herdar a
“culpa” pelos pecados deles. Jesus, uma vez que veio ao
mundo com a natureza da humanidade decaída, herdou o
“mal”, as tendências para o pecado de sua mãe, Maria,
e de seus antepassados; todavia, não herdou a culpa.
O entendimento de que Cristo veio à Terra com a natureza do Adão
caído é amplamente corroborado pelo Espírito da Profecia.
Por isso, trazemos a lume apenas o texto que julgamos ser
mais conclusivo:
"Tenho recebido cartas, afirmando que Cristo não podia
ter tido a mesma natureza que o homem, pois nesse caso,
teria caído sob tentações semelhantes. Se não possuísse
natureza humana, não poderia ter sido exemplo nosso. Se
não fosse participante de nossa natureza, não poderia ter
sido tentado como o homem tem sido. Se não Lhe tivesse
sido possível ceder à tentação, não poderia ser nosso
Auxiliador. Era uma solene realidade esta de que Cristo veio
para ferir as batalhas como homem, em favor do homem. Sua
tentação e vitória nos dizem que a humanidade deve copiar
o Modelo; deve o homem tornar-se participante da natureza
divina." Mensagens Escolhidas, Vol. 1, pág. 408
Ellen G. White, a autora destes livros citados, possuía uma
natureza humana pecaminosa tal como nós, e no texto acima
percebemos que ela afirma que Cristo possuía a mesma
natureza que ela e seus contemporâneos.
"Em Cristo combinaram-se divindade e humanidade....
Mas o plano de Deus, delineado para a salvação do
homem, previa que Cristo conhecesse a fome, a pobreza e
todos os aspectos da experiência do homem. Resistiu Ele à tentação, mediante o Poder que o homem também
pode possuir. Apoiou-Se no trono de Deus, e não
existe homem ou mulher que não possa ter acesso ao mesmo
auxílio, pela fé em Deus. Pode o homem tornar-se
participante da natureza divina; não vive uma alma que não
possa chamar o auxílio do Céu, quando tentada e provada.
Cristo veio para revelar a fonte de Seu poder, a fim de que
o homem não confiasse jamais em suas capacidades humanas
desajudadas.
Os que querem vencer devem empenhar ao máximo todas as
faculdades de seu ser. Devem lutar, de joelhos diante de
Deus, pedindo poder divino. Cristo veio para ser nosso
exemplo e nos revelar que podemos ser participantes da
natureza divina. Como? - Tendo escapado da corrupção que
pela concupiscência há no mundo. Satanás não alcançou
a vitória sobre Cristo. Não pôs o pé sobre a alma do
Redentor. Não atingiu a cabeça, se bem que tenha ferido o
calcanhar. Cristo, por Seu exemplo, tornou evidente que o
homem pode permanecer íntegro. É possível aos homens
ter poder para resistir ao mal - poder que nem a Terra
nem a morte nem o inferno conseguem dominar; poder que os
colocará onde alcancem vencer, como Cristo venceu. Neles
pode combinar-se a divindade e a humanidade."
Mensagens Escolhidas, Vol. 1, págs. 408, 409
Pelo texto acima percebemos que o Espírito da Profecia confirma
que exatamente porque Cristo veio com a mesma natureza
pecaminosa que nós possuímos, cada um de nós pode
resistir ao mal tal como Ele resistiu. Pode-se combinar a
divindade e a humanidade em nós tal como estas foram
combinadas em Cristo. A revelação nos dá mais detalhes
sobre como a divindade e a humanidade foram combinadas em
Cristo:
“Ele nos dá um exemplo de perfeita obediência. Tomou
providências para que nos tornemos participantes da
natureza divina, e nos assegura que podemos vencer como Ele
venceu. Sua vida testificou que com a ajuda do mesmo
poder divino que Cristo recebeu, é possível ao
homem obedecer à lei de Deus.” Mensagens
Escolhidas, Vol. 3, pág. 132
Note
que o texto acima afirma que Cristo “recebeu” poder
divino quando esteve como homem na Terra. Que poder era este
e como Ele o recebeu? A revelação nos responde:
“Mas nosso Salvador recorria a Seu Pai celestial em busca
de sabedoria e força para resistir ao tentador e vencê-lo.
O Espírito de Seu Pai celeste animava e regia Sua vida.”
Mensagens Escolhidas Vol. 3, pág. 134
Pelo texto acima, percebemos que a revelação atesta claramente
que a divindade combinava-se com a humanidade de Cristo
porque o Espírito do Pai habitava no Filho e atuava através
do Filho. Da mesma forma, ao nos colocarmos nas mãos de
Deus, o Espírito do Pai pode fluir através do Filho de
Deus, munindo-nos de forças para enfrentar e resistir ao
tentador da mesma forma que Cristo o fez:
“Cristo, por Seu exemplo, tornou evidente que o homem pode
permanecer íntegro. É possível aos homens ter poder
para resistir ao mal - poder que nem a Terra nem a morte
nem o inferno conseguem dominar; poder que os colocará onde
alcancem vencer, como Cristo venceu. Neles pode
combinar-se a divindade e a humanidade."
Mensagens Escolhidas, Vol. 1, págs. 409
Como pode Cristo, um Deus, tornar-se um ser humano em carne
pecaminosa, exatamente como nós, para ser um exemplo
perfeito de nossa condição? Como já dissemos ao início
desta seção do estudo, isto é definido pelo Bíblia como
sendo um mistério:
Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que
foi manifestado na carne foi justificado em espírito,
contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no
mundo, recebido na glória." 1 Timóteo 3:16
Uma vez que a própria Bíblia afirma ser este um mistério,
limitamo-nos a aceitá-lo como tal.
Do que estudamos nesta seção, concluímos o seguinte sobre a
natureza de Cristo durante Sua encarnação:
·
Cristo veio à Terra em um corpo humano, preparado por Seu Pai, e
colocado no útero de Maria;
·
Cristo era totalmente homem enquanto esteve na Terra, sendo que
Sua divindade ficou em Seu Pai, que um dia a havia
originado, enquanto Sua alma divina veio habitar o corpo
humano que Seu Pai havia preparado no útero de Maria;
·
Cristo veio com a natureza do homem caído, semelhante à de Adão
após a sua queda; herdou as tendências para o pecado de
Maria e seus antepassados, mas não herdou a culpa pelos
pecados de seus pais terrenos. Era inocente de toda a culpa,
porque Ele mesmo nunca pecou.
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