A História
Secreta
do Livro
Caminho a Cristo
Quantas
deserções das fileiras adventistas poderiam ter
sido evitadas se a Administração não houvesse
escondido o jogo sobre o método de produção de
alguns dos livros da Sra. White por tanto
tempo!
Por que outra
razão teriam ocultado essa informação até agora,
se a própria Bíblia jamais ocultou que profetas
e apóstolos dependeram algumas vezes de
assistentes de redação e anotações de outros ao
serem preparados os manuscritos bíblicos? Veja,
por exemplo, Jer. 36:4-32; Luc. 1:1-4; Rom.
16:22; 1 Ped. 5:12.
Para Herbert E.
Douglas, autor do livro Mensageira
do Senhor, recentemente lançado em português
pela Casa Publicadora Brasileira, a
responsabilidade seria da própria Sra. White. À
pág. 462, citando Robert W. Olson, ex-diretor do
Patrimônio Literário White, afirma: “’Em minha
opinião, ela não queria que seus leitores,
concentrando-se no método,
fossem distraídos da mensagem.’
A indevida atenção sobre como escreveu
poderia levantar dúvidas desnecessárias a
respeito da autoridade do
que ela
escreveu.”
De qualquer
modo, numa tentativa de driblar o preço
proibitivo para a maioria dos adventistas
brasileiros de R$ 49,60 e revelar parte do
conteúdo desse calhamaço de quase 600 páginas,
transcrevemos abaixo parte do Capítulo 39, “Como
os Livros Foram Escritos”, encontrada às págs.
444-445, que conta detalhes acerca da criação do
livro Caminho
a Cristo.
Como você irá
perceber, fatos anteriormente negados ou não
admitidos são agora vomitados com incrível
naturalidade nos trechos grifados. Entre eles,
destacamos:
a) o
uso de assistentes de redação;
b) contaminação
pelo contexto histórico;
c) reutilização
comercial de material devocional;
d) submissão
às demandas do mercado;
e) "empréstimo"
de frases de outros autores.
Leia você mesmo o
que diz o livro:
A produção
literária de Ellen White totaliza
aproximadamente 25 milhões de palavras ou
100.000 páginas, as quais incluem cartas,
diários, artigos periódicos e livros. Seus
hábitos de escrita, a começar dos anos da
adolescência, foram discutidos nas páginas
108-120 [do livro]. Ela
utilizou assistentes de redação, uma prática
empregada pelos escritores da Bíblia, e, como os
profetas bíblicos, escreveu dentro do contexto
histórico, social e religioso de sua época. Ela
escreveu com o realce do século dezenove, não o
dos tempos modernos.
Seus amplos hábitos de leitura ajudaram-na a dar
corpo aos amplos princípios conceituais que,
segundo ela cria, Deus desejava comunicar. Por
ocasião de sua morte em 1915, sua biblioteca
pessoal e do escritório consistia em
aproximadamente 1.400 volumes, que incluíam mais
de 500 títulos vendidos a ela em 1913 por um de
seus obreiros.
Ellen White
manteve um constante fluxo de cartas, sermões,
artigos periódicos e livros, especialmente
depois de 1881. Esses
materiais eram muitas vezes reutilizados em
novos formatos. Os
sermões tornavam-se artigos periódicos, e esses
artigos, depois de reorganizados e suplementados
com material novo, forneciam a matéria-prima
para os livros.
Ao recapitularmos
a elaboração de Caminho
a Cristo, O Desejado
de Todas as Nações e O
Grande Conflito, observaremos um
padrão na forma como os livros de Ellen G. White
geralmente eram criados.
A Composição do Caminho
a Cristo
Geralmente
impresso no formato de 128 páginas, este volume
de 1892 foi
publicado pela primeira vez por um editor não
denominacional com a esperança de ser amplamente
vendido nas livrarias da América do Norte. Foi
um sucesso imediato. Seis semanas após sua
impressão inicial, lançou-se a terceira reimpressão,
e dentro do primeiro ano, sete reimpressões.
Logo após a impressão inicial, o editor publicou
o seguinte anúncio: “Não é freqüente que um
editor tenha a oportunidade de anunciar uma
terceira edição de uma nova obra, seis
semanas após sua primeira edição. Isto,
contudo, é o fato encorajador em relação à
eminentemente útil e prática obra da Sra. E. G.
White, Caminho
a Cristo. Se
vocês lerem esta obra, ela lhes assegurará que
ficarão profundamente interessados em aumentar
sua circulação. Caminho
a Cristo é
uma obra para guiar o pesquisador, inspirar o
cristão jovem e confortar e encorajar o crente
maduro. O livro é singular em sua utilidade.”
Hoje esse clássico
religioso acha-se publicado em mais de 135
línguas e circula pelo mundo às dezenas de
milhões.
História do Caminho
a Cristo
No verão de 1890,
lançou-se Patriarcas
e Profetas, o primeiro volume do que
finalmente viria a ser a série O Grande
Conflito. Dois anos antes, a edição revista e
ampliada de O Grande
Conflito (que
viria a ser finalmente o quinto e último volume
da série mencionada) fora publicada. Iniciara-se
a obra “A Vida de Cristo”, que se tornou O Desejado
de Todas as Nações (o
terceiro volume da série). Além disso, semana
após semana, Ellen White e seus assistentes
preparavam artigos para as revistas Review
and Herald, Signs of the Times e Youth’s
Instructor.
Então veio o pedido de livros menores que
pudessem ser vendidos nas livrarias ou
distribuídos por evangelistas em reuniões
públicas. Precisava-se
especialmente de literatura sobre o tema da
conversão. Ellen White sabia que este era o
tempo de apresentar em forma de livro um dos
seus temas favoritos. Ela havia falado e escrito
muitas vezes, em termos claros e simples, sobre
os passos que o pecador deve dar para conseguir
chegar até Cristo.
Marian
Davis (“minha compiladora de livros”") foi
incumbida da tarefa de reunir – dentre os
diários, manuscritos (publicados e inéditos),
artigos periódicos e livros anteriores de Ellen
White – a matéria que devia compor os capítulos
que se tinha em vista. Tendo
o material diante de si, a Sra. White reconheceu
muitas vezes que mais era necessário para
preencher cada pensamento do capítulo. Para
atender a esta necessidade e fornecer as
transições necessárias, ela compôs textos
adicionais.
Marian Davis reuniu os materiais e os organizou
(tarefa não muito pequena), mas não escreveu
nada. Ellen
White redigia e supervisionava o arranjo de seus
livros. A obra progrediu lentamente devido a
todos os seus outros escritos e compromissos de
pregação. Em 1891, o original foi apresentado a
uma convenção de pastores e professores em
Harbor Heights, Michigan, onde foi lido com
grande entusiasmo. Nessa reunião, ficou
resolvido que o livro se chamaria Caminho
a Cristo. Mais
tarde, sugeriu-se
veementemente que ele fosse publicado por uma
editora não denominacional para ter uma
circulação mais ampla em livrarias populares –
uma proposta que Fleming H. Revell aceitou de
bom grado.
Em 1896, a Review
and Herald Publishing Association comprou os
direitos autorais de Revell. Depois que os
direitos de propriedade literária foram
transferidos para Ellen White em 1908, ela cedeu
imediatamente para a Associação Geral todos os
direitos autorais em todas as línguas exceto o
inglês. Com exceção da Bíblia, não há outro
livro na história mais traduzido e impresso em
mais línguas e com maiores tiragens do que Caminho
a Cristo.
As primeiras edições não continham o atual
primeiro capítulo “O Amor de Deus Pela
Humanidade”. Mas,
depois de escrever o Manuscrito 41, 189Z, Ellen
White rapidamente concordou em providenciar uma
introdução apropriada ao livro que já era best-seller.
Uma análise rápida do livro revela que ele
contém trechos de matéria anteriormente
publicada em Patriarcas
e Profetas, diversos
volumes dos Testemunhos
Para a Igreja, Review and Herald e Signs
of the Times. Em
sua ampla leitura, Ellen White havia descoberto percepções
e fraseologias de outros autores que
a ajudavam a explicar melhor os penetrantes
pensamentos que ela queria comunicar.
Obviamente, ela achava que incluindo
determinadas expressões desses escritores
fortaleceria seu livro.
Durante
anos, alguns críticos têm dado publicidade à
reivindicação de que Fannie Bolton (uma das
assistentes de redação de Ellen White por alguns
anos) escreveu Caminho
a Cristo em
sua totalidade. Esta alegação tem sido mantida
viva por diversos condutos. Obviamente, seria
impossível que os materiais escritos por Ellen
White antes de 1890 tivessem sido escritos pela
Srta. Bolton, mas os críticos têm passado por
alto este fato básico através dos anos. –Herbert
E. Douglas. (As ilustrações aqui utilizadas
foram copiadas do livro, págs. 242-243.) |